Pedro de Sá é recifense, sociólogo e escritor. Morador de São Paulo por adoção e amor. Realiza projetos sobre abandono no passado, presente e futuro. Tem o blog The Kitsch Sketch e é colaborador do Fazia Poesia no Medium.
ESPORÃO
por Pedro de Sá
passado e futuro me assolam
:
penetram os dedos do meu pé
como bichos
de pé
em pé
emboá que discorre
e verte
carrera em escarro
arcaica missão
que sinto no dedo
da mão
em mão
que não se solta
nem carece de linhas
tortas
pau-de-arara que leva
quem sai
ou não/
penetra o que cai
ou quem
alerta
versa
em testa
de borrão
sorte na mão
de quem alerta
corre
em fios
que transmuta
morte
opõe-se
no dia-a-dia
a testa que constrói
a mão que
sujeita o toque
desfaz em dedos
o ato,
submissão
à voz:
clique
sobrancelha
unhas
corte curto
que inunda
quando cai
na fresta
da lente:
embarga
desejo de muitos
subverte
resistência em mim
que me aplaino
e no repuxo acho
subversão
plano no feixe
do que sinto
e entre corpos
minto
um pé de esporão
barbatanas em cacarejo
no brejo
madrepérola
no tejo
cravo em desejo
solenidade
que me acompanha
quando sinto
o desejo
de compartilhar
o perdão
que corre
em min’veias
e destroça
multidão
vida que enxuga
a noite que anseio
amena em cheio
a minha visão.
Projeto: O que pode ficar pra trás
Por Pedro de Sá
Um quintal
Onde os pés
se encontrem
na terra
que tomarias sol
sob a bandeira
que me hasteia
em solo massapê.
--
Páprica doce
O cheiro do teu paladar
em especiarias
onde só tinha
picância
defumado
vermelho:
hoje doce.
--
Tua cara
que explana riso
em pálpebras
que batem
como tua mão
na mesa
quando achas
graça.
--
Teu ritmo
solfejo ilú
[minas
quando bates
na coxa
tremendo
o silêncio
no dia
de exú.
--
Tragédias
vida minha debulhas
:
furados pés
como cantas
sinceras melodias
antes.
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Postado originalmente no dia 3 de Junho de 2019 às 19:27